Demissão
Responsável (Prós)
Gilberto
Guimarães
“Estamos
vivendo um momento de grandes mudanças. O que dava certo antes já não funciona
mais. O mercado já não cresce como crescia antes. As empresas estão obrigadas a
mudar. Todas estas mudanças acabam gerando importantes reestruturações, novas
formas de trabalho, novas competências e uma nova organização das pessoas.
Muitas delas passam, inclusive, a não ter mais lugar na nova estrutura. É o
desemprego estrutural.
Observando-se
o que já vem sendo feito na Europa há décadas podemos efetivamente definir
algumas alternativas que deram bons resultados no encaminhamento de soluções
para o problema. É o desenvolvimento de um novo modelo de gestão de negócios.
Trata-se da Responsabilidade Social, ou seja, da preocupação com o bem-estar
coletivo, da comunidade, apoiado na cultura e nos preceitos das sociedades
europeias. Atuando sob esta nova perspectiva, as empresas passam a desenvolver
ações no sentido de associar seus produtos e suas marcas em ações de cidadania,
preservação do meio ambiente, apoio aos demitidos, e outras iniciativas
sociais.
Não é só isso.
No mercado de trabalho, o conceito de responsabilidade social também começa a
fomentar a criação de novas vagas em áreas, até então, pouco exploradas como
consultorias ambientais, ONGs, projetos de cidadania, reciclagem de materiais,
entre outros. Estes setores, que antes eram muito pouco valorizados, passam a
ter um papel relevante neste novo cenário, gerando novas oportunidades de
trabalho e renda.
No cenário
atual, o conceito de responsabilidade social começa a preocupar as
organizações. Estamos iniciando a era do "pós-conhecimento", na era
da "Sabedoria", onde é mais importante o conceito de comunidade, de
consumo responsável. Há que se conseguir o equilíbrio social na comunidade em
que se vive. Um exemplo disto é o crescimento das certificações ISO 14001. Mas
não é só em relação ao meio ambiente que se tem avançado. O fenômeno mundial do
desemprego também começa a ser encarado sob uma nova percepção.
Mesmo no
Brasil, grandes empresas como Volkswagen, Kaiser, BrasilTelecom, Embratel,
Avon, entre outras, têm apostado no conceito europeu de "demissão
responsável", ou seja, na oferta de um serviço profissional de apoio à
recolocação para os funcionários dispensados em todos os níveis, baseado na
legislação francesa do Plano Social. A iniciativa, tem registrado altos índices
de recolocação em condição de trabalho e renda dos demitidos, colaborando na
luta contra o desemprego. Os programas são vistos com extrema simpatia e tem
sido premiados por inúmeros organismos e instituições de grande credibilidade,
conseguindo muita divulgação e apoio para a empresa.
Seguindo estes
reflexos, a propaganda e, principalmente, as ações de relações públicas, já
começam a divulgar na mídia o conceito de responsabilidade social das empresas,
criando campanhas que ressaltam a conquista de prêmios sociais, valorização do
meio ambiente, doação de parte do lucro para entidades beneficentes, projetos
para melhoria de qualidade de vida, etc. Seguramente, as empresas e as marcas
que estiverem associadas a estes conceitos serão mais simpáticas aos olhos do
consumidor.
Será que esta
postura social, simpática, vai corresponder a uma expansão de vendas? Isto
ainda não se pode afirmar com precisão, mas, se eu pudesse e gostasse de
apostar, diria que este será o melhor caminho para se estabelecer uma relação
de fidelidade com os consumidores.”
***Gilberto
Guimarães é diretor da consultoria francesa BPI do Brasil, presidente do
Instituto Amigos do Emprego e professor da FGV.
Fonte:
www.guiarh.com.br
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